Pedagogia do Oprimido ou Pedagogia do Bom Senso?
A Pedagogia do Oprimido - opressão contida na sociedade e no universo educativo - já não presencia mais as aulas nas atuais instituições de ensino.
Na teoria, com certeza. Na prática, talvez!
A opressão ainda pode se encontrar dentro de muitas obrigações das práticas educativas: cumprimento de conteúdos, cumprimento de índices de aprovação,...
Porém, o professor ainda é a autoridade máxima no processo ensino/aprendizagem e é seu dever
desconsiderar muitas dessas "obrigações" em prol do amadurecimento de seu aluno. Basta usar de bom senso!
A Pedagogia do Bom Senso é uma necessidade social porque a família - mesmo as desestruturadas - ainda é a base da sociedade. Se esta mesma família falha, ou se omite, na educação dos filhos, cabe à escola suprir estas necessidades.
Estamos falando de Educação Escolar ou Familiar? Ambas.
Na atualidade, não há como separar a educação que a criança recebe em casa e a educação que deve receber na escola e, na maioria das vezes, a criança só aprende limites, princípios éticos e morais dentro da escola, através das atitudes do professor.
A Pedagogia do Bom Senso, também chamada de Pedagogia de Freinet, uma sintonia da escola com a vida do aluno, é centrada na criança e baseada sobre alguns princípios que esta mesma criança deve assimilar, espelhando-se nos pais ou professores: senso de responsabilidade, senso cooperativo, sociabilidade, julgamento pessoal, autonomia, expressão, criatividade, comunicação, reflexão individual e coletiva, afetividade.
A Pedagogia do Oprimido é exterminada pela Pedagogia do Bom Senso que, automaticamente, abre a porta para a Pedagogia da Autonomia.
Para Freire, o homem e a mulher são os únicos seres capazes de aprender com alegria e esperança, na convicção de que a mudança é possível.
O dever do professor é despertar esta alegria e esta esperança, desenvolvendo, no estudante, uma visão crítica, "expulsando o opressor de dentro do oprimido".
Segundo Freire, a prática docente tem de seguir uma coerência profissional, onde o ensino exige do docente um comprometimento existencial, da qual nasce uma autêntica solidariedade entre educador e educandos, pois ninguém deve se contentar com uma maneira neutra de estar no mundo.
A Pedagogia não deve ser elaborada para o sujeito, mas sim à partir dele, pois a prática da liberdade está inserida em um modo de transmissão de conhecimentos, pela qual o indivíduo possa refletir, para tornar-se sujeito de sua própria história.
Para Paulo Freire, o ensino é muito mais que uma profissão, é uma missão que exige comprovados saberes no seu processo dinâmico de promoção da autonomia do ser de todos os educandos.
"Não á docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender". (Paulo Freire)
Nós, professores, não somos seres superiores, melhores ou mais inteligentes porque dominamos conhecimentos que o educando ainda não domina, mas somos, como o aluno, participantes do mesmo processo da construção da aprendizagem. Não podemos mais conceber modismos e amadorismos em nossa prática educativa, pois lidamos com seres humanos e por isso temos que saber valorizar e distinguir com clareza a capacidade, as habilidades e as competências de cada um, de forma responsável tendo como referencial determinante os diferentes conhecimentos agregando-os à vivência de cada ser humano.
O professor só estará cumprindo o seu papel no momento em que prepara os alunos para uma visão crítica em relação ao mundo, conscientizando-se de que o conhecimento dos indivíduos não equivale somente às informações recebidas e que cada um tem seu modo próprio de perceber, pensar, interpretar e a fazer aplicações a novas situações.
Instigar o aluno a pensar deve ser o principal interesse do professor. O pensamento pode não ser a garantia absoluta para a solução de todos os problemas, mas quando há esse estímulo e liberdade para pensar, existem possibilidades de superação de erros anteriores e de encaminhamento de novas propostas e melhores oortunidades para ouvir, discutir, modificar e experimentar ideias inovadoras.
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