domingo, 12 de julho de 2009

KANT E A EDUCAÇÃO


"... a educação é o maior e mais árduo problema que pode ser proposto aos homens".


"O homem é a única criatura que precisa ser educada".




Em seu texto Sobre a Pedagogia, Kant recorre a uma comparação do ser humano aos demais animais. Enquanto os animais necessitam basicamente da alimentação, os seres humanos, para seu aperfeiçoamento, precisam alimentar o corpo e o espírito e é através da educação que o espírito é alimentado.
Para Kant, a educação pode ser entendida sob duas perspectivas fundamentais: física (aquela em que as questões mais importantes são a formação de hábitos de higiene, cuidados com a saúde e conservação do corpo), ou prática, ou seja, aquela em que a preocupação fundamental é a formação do caráter. A educação deve ser pensada e estabelecida de modo que o homem seja: disciplinado, culto, prudente e civilicado, moralize-se.
O aspecto mais importante na filosofia da educação kantiana á a moralidade e que, por conta disso, está pressuposta nesta concepção o ensino da virtude. A virtude não só pode, como deve ser ensinada.
Possivelmente, se Kant tivesse assistido às bárbaries da atualidade partindo dos horrores dos campos de concentração, teria dito: eu avisei!
O mundo está cada vez mais equipado para usar a tecnologia contra si mesmo. Quantas brutalidades são cometidas por seres ditos humanos, portadores de diplomas e títulos de doutores. O que a educação fez destes indivíduos que não os ensinou a amar o próximo como a si mesmos? Que não os ensinou a distinguir o bem do mal? Que não os ensinou a refletir sobre o papel do homem na terra?
Quando nos deparamos, através da mídia, de crimes bárbaros, logo dizemos: isto não é gente, é animal. Mas o animal não mata por nenhuma ideologia, nem por prazer. Mata para saciar a fome, não o ego e jamais ataca a sua própria espécie.
Não foi à toa que a Alemanha do pós guerra refez todo o seu sistema educacional.
Mas as bárbaries continuam acontecendo.
Está na hora da sociedade repensar, não só o sistema educacional, mas também, e principalmente, a família.
Por que a família esté se desmantelando e mandando para as escolas crianças que, através da violência, demonstram que ainda não conhecem a virtude.
Onde foi que erramos?






"Observa o teu culto à família e cumpre teus deveres para
com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as
crianças e não precisarás castigar os homens".
(Pitágoras)












Além dos Muros da Escola

Suavemente, Cante em Entre os Muros da Escola usa a classe de uma escola de subúrbio de Paris para discorrer sobre problemas políticos-culturais.
Estrategicamente, Cante mandou um recado para cada professor que teve a oportunidade de assistir ao filme.
É evidente que os alunos retratados no filme tinham suas identidades e seus princípios morais definidos e defendiam eles a todo custo. A cooperação e a convivência entre eles era normal, mesmo na diversidade. Cada adolescente desta sala de aula já entram na escola com estigma de ser um aluno sem educação e problemático.
O filme de Cante "colocou o dedo na ferida ainda aberta" dos profissionais da educação: lidar com crianças e jovens provenientes de um mundo distorcido pelas drogas, pela indiferença, discriminação, preconceito, egoismo, e toda uma série de desconsiderações aos sentimentos alheios.
Quantos de nós, professores, não nos vimos no papel do protagonista e não vimos em seus atos errônes as nossas próprias falhas. Falhas, sim! Porque, como o professor do filme, somos humanos e sujeitos a cometer erros que podem deixar marcas profundas em nossos alunos.
Reproduzo aqui a carta de uma aluna insatisfeita com a atitude de um mestre que cobra virtudes mas, sem se dar conta, não as exemplifica:
"O Respeito
Os adolescentes aprendem, gradualmente, a respeitar os seus professores por causa das ameaças deles ou pelo medo de arranjarem problemas.
Para começar, eu o respeito e o respeito deve ser mútuo. Por exemplo, se eu não digo que o professor é histérico, por que é que o professor me chama disso?
Eu sempre o respeitei, e é por isso que não compreendo porque tenho de escrever isso.
Sei que tem qualquer coisa contra mim, mas eu não sei porquê.
Resolvi me sentar no fundo da sala para evitar mais conflitos, a menos que me provoque. Admito que posso ser insolente, mas só quando me provocam.
Não voltarei a olhá-lo para que não volte a dizar que o meu olhar é insolente.
Normalmente, numa aula de Francês, devemos falar do Francês, e não da nossa avó, da nossa irmã ou da menstruação das garotas.
E é por isso que, à partir de agora, não volto a falar com você.
Koumba"
A nossa maior preocupação, cada início de ano letivo, é saber a proveniência do aluno, sua bagagem social e cultural. Isto é importante! Mas nossa preocupação deve se concentrar na bagagem que a criança vai levar da escola, não só na aquisição de conteúdos, mas de exemplos morais e o quanto de virtude eles adquiriram se espelhando nos mestres.