domingo, 25 de outubro de 2009

HISTÓRIA DOS SURDOS

Ao longo dos tempos, os surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura.
Foi uma longa caminhada, povoada de tropeços e discriminações, mas ao contrário de gerar desesperança, serviu de alavanca na busca de "um lugar ao sol".
No Egito, os Surdos eram adorados como se fossem enviados dos céus, serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados pela população. Imaginem que destino teriam se o povo descobrissem que não eram enviados celestes.
Ao contrário do povo egípcio, outros povos cometim atrocidades contra o indivíduo que tivesse a infelicidade de nascer com deficiência auditiva: eram oferecidos em sacrifício aos deuses ou, simplesmente, assassinados.
Na Grécia Antiga, os surdos eram encarados como seres incompetentes, idiotas. Aristóteles pregava a idéia de que os que nasciam surdos, por não possuirem linguagem, não eram capazes de raciocinar. Essa crença da época fazia com que os Surdos fossem marginalizados, juntamente com os deficientes mentais e os doentes, sendo, muitas vezes, condenados à morte.
Todas essas barbáries poderiam ser justificadas pela ignorância sobre esta deficiência. Não existia alguém disposto a manter uma comunicação com o surdo. Ou será que o objeto motivador da discriminação e extermínio destes seres tão iguais a qualquer um de nós foi a ganância? Ganância por bens alheios, pois os surdos não tinham o direito de reclamar heranças e, em muitos casos, possuirem propriedades. Não! Ficou óbvio que não foi por falta de esclarecimento, pois Sócrates. em 360 a.C., declarou que era aceitável que os Surdos se comunicassem com as mãos e o corpo.
Até a Idade Média, a Igreja Católica acreditava que os Surdos, diferentemente dos ouvintes, não possuiam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. Quanta tolice! Em que Deus eles acreditavam?
Foi no fim da Idade Média e início do Renascimento que a deficiência passou a ser analisada sob a ótica médica e científica.
Pela primeira vez, já na Idade Moderna, distinguiu-se surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser designação de surdo. Mas, ainda hoje, ela é usada.
De lá para cá, a comunidade surda foi conquistando seu espaço, os seus direitos de cidadãos. Foram criadas escolas para surdos, linguages de sinais e, graças a Deus, acabaram-se as bárbaries contra os deficientes auditivos, pois assim a humanidade pode se beneficiar com as criações de muitos deles.
Podemos citar, entre muitos:
Helen Keller foi um dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais naõ são obstáculos para se obter sucesso, famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência.
Annie Sullivan, educadora dos EUA, também surda, ficou conhecida por ter sido a professora de Helen Keller.
Chrles-Michel de I'Épée, educador filantrópico francês, ficou conhecido como o "Pai dos Surdos".
Emmanuelle Laborit, atriz francesa e diretora do Teatro Visual Internacional.
John Bulwer, primeiro inglês a desenvolver um método de comunicação entre ouvintes e surdos.
George Dalgano, intelectual inglês que propôs um sistema linguistico a ser usado pelos surdos e que, ainda hoje, é usado nos EUA.
Jonathan Swift, autor de Gulliver, obra que vem encantando todas as gerações.
Ludwig Van Beethoven, ficou surdo aos 31 anos e, ainda assim, continuou compondo.
Wolfang Amadeus Mozart também apresentava sinais de baixa audição.
Sueli Ramalho Segala, atriz, escritora, professora de línguas e intérprete brasileira. No Brasil, faz trabalhos de intérprete em fóruns de congressos. É poliglota em 32 línguas de sinais.
Júlio César, ex atleta e educador, atualmente trabalha com crianças e jovens surdos. Desenvolveu o Projeto Educação Integral do Surdo através do Esporte.
C.J.Jones é um dos atores afroamericanos que mais atua em Hollywood.
Você sabia...
... que Goya mudou seu estilo de pintar quando ficou surdo?
... que Salvador Dali esculpiu a Vênus Otorhinológica para evocar a confusão dos sentidos?
... que ninguém sabe exatamente o número de surdos existentes no Brasil, embora eles sejam estimados em mais de 15 milhões?
...que Van Gogh, pintor holandês, além de apresentar sintomas de esquizofrenia, ouvia zumbidos, o que o levou a amputar sua orelha direita?
... que Alexander Graham Bell, inventor do telefone, filho de Alexander Melville Bell (instrutor de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos), fez o primeiro aparelho eletrônico de amplificação do som para a surdez, pois sua esposa ficou surda?
...que Vanessa Vidal, segunda colocada no Miss Brasil 2008 é a primeira candiata deficiente auditiva a concorrer a este título?
Atualmente, os discusos em relação às pessoas com deficiência auditiva é muito bonito, mas a prática é muito diferente. O surdo, muitas vezes é tido como um incômodo para a sociedade, pois vão onerar o sistema previdenciário, uma vez que não podendo trabalhar, receberão pensão. Não paramos para pensar que estes indivíduos passam a ser "encostados do INSS" por culpa da própria sociedade que não lhes forneceu condições de obter e seguir uma carreira digna.
Além disso, os surdos não obtendo a atenção e a paciência dos ouvintes, acabam ficando relegados à um isolamento total, o que, muitas vezes, ocasiona problemas psicológicos. O mesmo acontece com as pessoas de idade, que normalmente já são marginalizadas e que, pela perda da audição, ficam cada vez mais isoladas.
Fontes:
Texto proposto pela interdisciplina, A História dos Surdos.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Suzan, fizeste um importante resgate da história da surdez. O que ela nos ajuda a pensar sobre o surdo, hoje?
Abração!!