sábado, 17 de outubro de 2009

ESCOLA NOVA


A interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação, através do Enfoque Temático 5 - Trabalhos Integrados, nos sugeriu algumas leituras como preparação para o próximo enfoque temático. Estas leituras foram produdivas e nostálgicas, pois me reportaram para o tempo em que estudei, na disciplina de Sociologia da Educação, na Faccat, as Tendências Pedagógicas Conservadoras.
A pedagogia, como teoria prática, caracteriza-se pela ação construtiva da formação humana, por meio de critérios socialmente estabelecidos, que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade e com qual propósito.
Neste último século, o Brasil foi palco de muitas tendências pedagógicas, cada uma, analisada sociologicamente, como a melhor, pelo menos naquele tempo histórico.
A Escola Tradicional possuia entre seus componentes, o pressuposto de que o grande problema do ensino residia nos fatores de natureza externa ao aluno. Privilegiava o conhecimento e a disciplina. O professor era o centro do processo educativo, que transmitia o saber sistematizado através do método expositivo. Dava ênfase no aprender, através da reprodução dos conhecimentos. Embora em sérias limitações, a pedagogia tradicional ainda está presente em inúmeras instituiçoes de ensino.
Para contradizer a Escola Tradicional, a Escola Nova surge das forças produtivas, com influência do processo de industrialização.
A Escola Nova privilegia o atendimento às diferenças individuais. O aluno é visto como centro do processo educativo. O professor é o estimulador, orientador da aprendizagem. Há uma busca de não diretividade por parte do professor, dando ênfase no aprender a aprender.
Mas, como surgiu a Escola Nova?
Em 1932, era publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por Fernando de Azevedo e assinado por vários intelectuais da época, entre eles, Anísio Teixeira. O Manifesto representou um divisor de águas entre educadores progressistas e conservadores. O Brasil estava passando por transformações materiais e muitas ainda deveriam ocorrer, dando novas perspectivas à população brasileira. Se a sociedade passava por mudanças, era preciso que a escola preparasse o novo homem, um homem moderno para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática.
JOHN DEWEY
Filósofo norte-americano que defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças.
"O professor que desperta o entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter".
"A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento, amadurecimento, refinamento."
A idéia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. Uma das principais lições deixadas por ele é a de que, não havendo separação entre vida e educação, esta deve preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento. Como ele dizia, "as crianças não estão num dado momento sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo. Então qual é a diferença entre preparar para a vida e passar de ano? Como educar alunos que têm realidades tão diferentes entre si e que, provavelmente, terão também futuros tão distintos?"
MARIA MONTESSORI
"Cada um de nós tem o potencial de aprender."
O método Montessori ou pedagogia Montessoriana consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade.
Os princípios fundamentais do sistema Montesori são: a atividade, a individualidade e a liberdade.
A pedagogia de Montessori insere-se no movimento das Escolas Novas como uma oposição aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança.
Um dos maiores legados que Maria Montessori deixou para que a criança construa seu conhecimento é o MATERIAL DOURADO.
OVIDE DECROLY
"Convém que o trabalho das crianças não seja uma simples cópia, é necessário que seja realmente a expressão de seu pensamento".
"O meio natural é o verdadeiro material intuitivo capaz de estimular forças escondidas da criança."
Suas teorias têm um fundamento psicológico e sociológico e podemos resumir os critérios de sua metodologia no interesse e na auto-avaliação. Promove o trabalho em equipe, mas mantendo a individualidade do ensino com o fim de preparar o educando para a vida. A ausência de ideais religiosos é uma das características de seu modelo pedagógico.
O valor de sua obra está no destaque que emprestou às condições do desenvolvimento infantil; a educação, segundo ele, não se constitui na preparação para a vida adulta; a criança deve viver os seus anos jovens e as dificuldades que surgirem em cada fase, para serem resolvidas no momento certo, ou seja, a criança deve ser criança e não um adulto em potencial.
Ele também transformou a maneira de aprender e ensinar, ajustando a psicologia da criança e em nenhum momento deixou de lado nada que a escola deve ensinar à criança.
Para Decroly, a sala de aula está em toda a parte: na cozinha, no refeitório, no quintal, no museu, na cidade, no campo,...
Seu método, mais conhecido como "Centros de Interesse", destinava-se especialmente às crianças das classes primárias, onde os conhecimentos e interesses infantis aparecem associados.
Nesses centros, a criança passava por três momentos: Observação, associação e expressão.
O método dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem seis centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudos construidos com base em disciplinas: 1)a criança e a família; 2) a criança e a escola; 3)a criança e o mundo animal; 4) a criança e o mundo vegetal; 5) a criança e o mundo geográfico; 6) a criança e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno dos quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno. Freinet e Paulo Freire, nesse sentido, partindo da leitura do mundo, do respeito à cultura primeira do aluno, buscam desenvolver o aprendizado através da livre discussão dos temas geradores do universo vocabular do aluno.
O método de Decroly gerou controvérsias e o maior defeito desses programas é que ele se inspirava em mestres sábios em suas especialidades, mas totalmente incompetentes em matéria de psicologia infantil. Considerando que era fundamental dar a todos uma cultura geral idêntica, eles não se perguntaram se, desa forma, seria conveniente às crianças.
CÉLESTIN FREINET
"Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões sobre educação, continuaremos a forjar almas de escravos em nossos filhos".
Crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. Hoje em dia as suas propostas continuam, ainda, a ser uma grande referência para a educação. A criança era considerada o centro da educação, pois a educação não começa na idade da razão, mas sim desde que a criança nasce.
No seu livro Para uma escola do povo, Freinet escreveu:
A escola popular é uma educação que corresponde a necessiades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do povo, uma nova etapa para a formação da escola.
A escola do amanhã será centrada no aluno como membro da comunidade, em suas necessidades essenciais, onde a criança deverá alcançar o seu destino futuro, onde para prepará-las haverá um ambiente adequado, material e técnicas capazes para ajudar nessa formação. Esta escola será disciplinada, pois ela será organizada na atividade e na comunidade escolar, mas não devemos queimar todos os vestígios da escola do passado, a adaptação da escola do amanhã será equilibrada, harmoniosa, a serviço da vida.
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. O modo como os professores realizam seu trabalho tem muito a ver com estes pressupostos teóricos, mas não existe nenhuma lei que impeça o professor de respeitar a criatividade do aluno, sua cultura, sua infantilidade.
Nós, professores, temos o dever de tornar nossas aulas proveitosas, produtivas, harmoniosas e felizes. Não podemos cometer o erro de podar sonhos, pois as escolas são sementes do futuro. Sigamos as palavras de Dewey: "O professor que desperta o entusiasmos em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, podem obter". E este entusiasmo política nenhuma consegue derrubar.
Fontes:
O Movimento da Escola Nova e suas bases históricas.
Meus apontamentos na cadeira de"Sociologia da Educação I", com a professora Lorena Maria de Quadros Stein.

2 comentários:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Suzan!! Trazes vários aspectos interessantes sobre a escola nova para refletirmos. Com quais princípios concordas? Quais ainda estão em voga e consideras desnecessários ou merecedores de reformulações? Abração!!

drika disse...

adorei o documentário.. parabéns!!