Nesta semana, conversando com minha colega sobre a Maria (portadora de Síndrome de Down), que é o alvo do meu Estudo do Caso, na interdisciplina Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, deparamos (eu e a professora de Maria) com uma surpresa (não tão surpresa, pois já er de se esperar): a sexualidade de Maria está aflorando, ou melhor, se desenvolvendo.
Isto nos pede mudanças de atitudes, principalmente porque Maria, na escola, só procura a companhia de meninos. Mas que atitudes devem ser tomadas? Que caminhos deverão ser trilhados para "lidar" com Maria e, inclusive, para esclarecer e até msmo convercer, os pais da menina?
Não sou provida d livros que abordem o assunto, a biblioteca da escola também não. Lembrie-me que tinha feito dois cursos onde citarsam a sexualidade nos portadores de Síndrome de Down. Procurei por meus apontamentos - eu sempre faço preciosas anotações nos cursos que frequnto - e refresquei a memória.
O primeiro curso foi no ano de 2002, na Escola Marista PIO XII, em Novo Hamburgo, e ministrado por Mra Sartoretto: III Encontro Sobre o Desenvolvimento da Pessoa Com Necessidades Educativas Especiais.
O segundo, foi em 2005, no colégio Bom Conselho, em Porto Alegre, com o apoio da AFAD (Associação dos Familiares e Amigos do Down). O "Encontro Estadual Sobre Educação Inclusiva" contou com enriquecedoras participações de: Cristina Abranches (Atendimento Educacional Especializado: a que se propõe), Rita Bersch (Tecnologia Assistiva Apoiando a Inclusão) e Eugênia Augusta Gonzaga Fávero (Educação Inclusiva e Ordenamento Jurídico Brasileiro). Foi nesse encontro que tomei conhecimento de uma menina de Manaus que havia se formado no Magistério. Também conheci um casalzinho (portadores de Down) que estavam namorando.
Voltando à sexualidade de Maria, interei-me de valiosas dicas de como se comportar diante da situação descrita e "corri" para repassar para minha colega.
As representações que pais e educadores fazem da sexualidade de pessoas com síndrome de Down são confundidas, muitas vezes, a atitudes agressivas ou, então, condutas assexuadas, exclusivamente fundamentadas na afetividade (queremos que a proximidade do sexo oposto seja unicamente por amizade e nunca por um desejo físico). É o que está acontecendo com Maria, ela pode nem perceber, mas o instinto está levando-a a procurar a companhia de meninos. Maria não se manifesta verbalmente e nem fisicamente, só observa e sente a necessidade da proximidade do sexo oposto.
Existem diferentes níveis de maturidade e de adaptação social na Síndrome de Down que, associadas a fatores como o excesso de cuidados dos pais e parentes próximos, a falta de amigos e o preconceito social, constituem barreiras para a vivência plena da sexualidade.
Os pais tratam os filhos num eterno padrão infantil de comportamento, pois a maioria teme as consequências de um relacionamento sexual dos filhos com Síndrome de Down e o que pode resultar desse relacionamento, como uma gravidez com risco de reincidência da síndrome.
Os professores sentem-se despreparados para orientar sexualmente a pessoa com Síndrome de Down e se comunicar com os pais do aluno(a) para poder harmonizar as atitudes perante os desejos sexuais dos filhos (normalmente os pais não querem nem ouvir falar sobre este assunto: é tabu).
Quando o portador de Síndrome de Down manifestar sua sexualidade, deve ser respeitado em sua curiosidade e deve ter oportunidade de compreender esta "situação" ma medida que lhe for possível. A repressão, ou seja, o simples impedimento de que a criança manifeste qualquer atitude referente à sexualidade, tende a facilitar o aparecimento de comportamentos inadequados e, até mesmo, agressivos. Isto me faz lembrar do "caso" (para não citar nomes) presente dentro do meu circulo familiar: umam menina não portadora da Síndrome de Down, mas cuja idade mental parou nos 8 anos (hoje ela tem 33). Ela teve um desmaio, foi levada ao médico e este foi bem franco: "é a sexualidade se manifestando, e como ela não soube lidar com isso, o seu organismo se refugiou no desfalecimento".
A sexualidade das pessoas com Síndrome de Down estrutura-se como nos demais seres humanos, embora seja vivenciada com restrições percebidas por elas mesmas, dependendo do contexto social no qual estão inseridas.
Para que o adolescente com Síndrome de Down não seja simplesmente reprimido, é importante que as pessoas que convivem com ele acreditem em sua possibilidade de experimentar os ritmos normais da vida, tendo atividades, experiências e oportunidades como qualquer outra pessoa. Muitas vezes, pequenas oportunidades cotidianas podem desenvolver a dignidade aos jovens com Sídrome de Down, como, por exemplo: tomar banho sozinho, escolher uma roupa para vestir, ter um lugar particular onde possa ficar sozinho por alguns momentos, ser capaz de fazer escolhas.
Chega a ser um disparidade que, enquanto na vida social, escolar e profissional, desejamos e lutamos para aproximar o portador de Síndrome de Down de uma vida normal, no que diz respeito à sexualidade, espera-se que as manifestações sexuais não se manifestem, ou seja, espera-se que ele leve uma vida normal, mas assexuada.
Nunca tive a oportunidade d ter um portador de Síndrome de Down entre meus alunos (alguns dirão "felicidade", não penso do mesmo modo). Quando este dia chegar, quero estar bem preparada.
O desenvolvimento de uma criança DoWn se difere muito pouco do desenvolvimento das demais, dessa forma ela pode frequentar uma escola de ensino regular, pois o convívio com outras crianças não portadoras da síndrome pode colaborar no seu desenvolvimento. Além disso, essa concivência também é positiva para as demais crianças, pois faz com que cresçam respeitando as diferenças, sem nenhum tipo de restrição em seu círculo de amizades, seja por raça, aparência, religião, nacionalidade.
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