quinta-feira, 2 de outubro de 2008

DA ÁRVORE QUE CHORA AO GRITO DO POVO













A exploração econômica da borracha, natural da Amazônia, foi certamente o mais importante fator de geração de riqueza na História desta Região, no breve período compreendido entre a última década do século XIX e a primeira do século XX.
O Amazonas tornou-se a alternativa de sobrevivência dos migrantes nordestinos (devido a terrível seca que assolou o nordeste brasileiro em 1877) e converteu-se no El Dorado dos exploradores de diferentes procedências pelas perspectivas de enriquecimento fácil.
Os finais abruptos do primeiro e do segundo ciclo da borracha demonstraram a incapacidade empresarial e falta de visão da classe dominante e dos políticos da região. Assim que terminou a segunda guerra mundial, tanto as economias de vencedores como de vencidos se reorganizaram na Europa e na Ásia, fazendo cessar as atividades nos velhos e ineficientes seringais da Amazônia.

O gaúcho Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 30, que derrubou o governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes, caracterizaram-se pelo nacionalismo e populismo. Sob o seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Fecha o Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar com poderes ditatoriais. Sua forma de governo passa a ser centralizadora e controladora. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo. Perseguiu opositores políticos, principalmente partidários do comunismo. Enviou Olga Benário, esposa do líder comunista Luís Carlos Prestes, para o governo nazista.
Embora tenha sido um ditador e governado com medidas controladoras e populistas, Vargas foi um presidente marcado pelo investimento no Brasil. Além de criar obras de infra-estrutura e desenvolver o parque industrial brasileiro, tomou medidas favoráveis aos trabalhadores (criou a Justiça do Trabalho, insituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, a carteira profissional, a semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas). Foi na área do trabalho que deixou sua marca registrada. Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área do trabalho favoreceram os trabalhadores brasileiros.

José Linhares exerceu a presidência da república do Brasil por convocação das Forças Armadas, como presidente do Supremo Tribunal Federal, após a derrubada de Vargas, de 30 de outubro de 1946. Garantiu a realização das eleições, as mais livres até então, mas nomeou grande número de parentes para cargos públicos, o que empanou sua imagem.

O general Eurico Gaspar Dutra foi o 19º presidente do Brasil. Seu governo foi marcado por uma política liberal, com rápido esgotamento das reservas cambiais acumuladas durante a guerra e uma severa política de arrocho salarial. Afastou o país do bloco socialista do leste europeu. Em 1947, colocou o Partido Comunista Brasileiro na ilegalidade, sob a alegação de que o PCB servia aos interesses da União Soviética - com a qual o Brasil rompeu relações diplomáticas em 1948. Definitivamente deve-se a Dutra boa parte da influência dos Estados Unidos sobre o Brasil nas décadas seguintes.

Em 1951, Getúlio Vargas retornou a presidência da República, dessa vez por meio do voto popular (ou o povo tem memória curta ou aprovou o primeiro mandato de Vargas). Este segundo mandato foi marcado por importantes iniciativas nas áreas social e econômica. Na fase final do seu governo, porém, as pressões de grupos oposicionistas civis e militares desencadearam uma aguda crise política que levou Vargas a interromper seu mandato com um ato que atentou contra sua própria vida: o suicídio.

João Fernandes Campos Café Filho foi presidente do Brasil entre 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955, quando foi deposto. Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais na economia comandadas pelo economista Eugênio Gudin. Em novembro de 1955, ante os indícios cada vez mais evidentes de que não defenderia a posse do candidato eleito à Presidência, Juscelino Kubitschek, foi afastado (à princípio temporiamente e depois definitivamente).

Carlos Coimbra da Luz foi presidente interino da República, de 8 a 11 de novembro de 1955. Foi afastado desta função por um movimento denominado Movimento de 11 de novembro, liderado pelo general Henrique Teixeira Lott.

A presidência foi, assim, entregue ao presidente do Senado Federal, Nereu Ramos. Nereu Ramos de Oliveira governou o Brasil de 11 de novembro de 1955 a 31 de janeiro de 1956. Coube a ele, em sua breve passagem pela presidência do Brasil sob estado de sítio, completar o quadriênio presidencial.

Juscelino Kubitschek de Oliveira governou o Brasil de 31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 196l. Com estilo de governo inovador na política brasileira até então, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros. Foi o responsável pela construção da nova capital federal, Brasília, executando assim o antigo projeto, já previsto em três constituições brasileiras, da mudança da capital para promover o desenvolvimento do interior e a integração do país. Durante todo o seu governo, o Brasil viveu um período de desenvolvimento econômico e estabilidade política. Juscelino ambicionava concorrer novamente à Presidência da República em 1965, projeto abortado pelo golpe militar de 1964, também chamado de Revolução de 1964. Acusado de corrupção, teve os direitos políticos cassados em 1964.

Jânio da Silva Quadros foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960 - a maior votação até então obtida no Brasil - vencendo Henrique Lott. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elgeu para o cargo foi João Goulart. Os eleitos formaram a chapa conhecida como Chapa Jan-Jan.Embora tenha feito um governo curtíssimo, pôde, nesse período, traçar novos rumos à política externa e orientar, de maneira singular, os negócios internos.

Em um discurso, em 24 de agosto de 1961, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, Carlos Lacerda (governador do estado da Guanabara) denunciou uma suposta trama palaciana de Jânio e acusou seu Ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta, de tê-lo convidado a participar de um golpe de estado.

Na tarde de 25 de agosto, Jânio Quadros, para espanto de toda a nação, anunciou sua renúncia, que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Foi substituído por Pascoal Ranieri Mazzilli que governou o Brasil, nesta ocasião, por 14 dias (25 de agosto a 8 de setembro de 1961). O vice-presidente, João Goulart, estava ausente do país em visita à República Popular da China.

João Belchior Marques Goulart, conhecido popularmente como Jango, foi presidente do Brasil de 1961 até 1964, quando foi deposto por um golpe de estado, liderado pelo alto escalão do Exército e apoiado pelas classes média e alta.

Manifestações populares contra o golpe se formaram em todo o país, sendo sufocados nos estados controlados pela UDN, como foi o caso da Guanabara, de Carlos Lacerda. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, governado por Leonel Brizolla (cunhado de Jango), a Campanha da Legalidade teve apoio oficial, com a criação da Rede da Legalidade e a posterior adesão do III Exército, comandado pelo general Machado Lopes. A solução para o impasse foi a aprovação para o Congresso, em 2 de setembro, de uma emenda constitucuional que instaurou o parlamentarismo como regime de governo.

Em seu governo, Jango aprovou leis que garantiam benefícios aos trabalhadores urbanos e rurais. Também procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras em alguns setores estratégicos da economia. Manteve uma política externa independente: reatou relações diplomáticas com a União Soviética e se recusou a apoiar uma invasão a Cuba, proposta pelo presidente estadounidense John Kennedy.

No dia 2 de abril de 1964, o Congresso Nacional declarou a vacância de Jango no cargo de Presidente, entregando o cargo de chefe da nação novamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.

Em 10 de abril, João Goulart teve seus direitos políticos cassados por 10 anos, a pós a publicação do Ato Institucional. Exilando-se em suas fazendas, no Uruguai.

Os dois períodos em que Mazzilli foi presidente se caracterizaram por sua pouca influência nas decisões políticas. Assim, o Ato Institucional, depois conhecida como nº 1, foi baixado no seu segundo período, com a assinatura dos ministros militares, que ignoraram por completo a sua presença na Presidência.

Humberto de Alencar Castelo Branco foi indicado pelo Alto Comando Militar e eleito presidente do Congresso Nacional expurgado, iniciou o seu período presidencial em 15 de abril de 1964 e ficou no posto até 15 de março de 1967. Durante seu mandato, Castelo Branco aboliu todos os partidos políticos através do Ato Institucional nº 2. Foram criados a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que se tornaram os únicos partidos políticos brasileiros até 1979. Com Castelo Branco, iniciaram-se os "anos rebeldes" do Brasil. O regime pós 64 se transformou numa ditadura altamente repressiva, que usou da prática de tortura e assassinatos de cidadãos para neutralizar e eliminar os opositores políticos e os grupos subversivos.

A sucessão do governo castelista dividiu os militares, pois de um lado estavam aqueles que eram oriundos da Escola Superior de Guerra e do outro, a "linha dura", seguidores da filosofia da Escola de Guerra do Fort Leavenworth. Na luta entre os dois grupos, saiu vencedor o grupo da linha dura com o general Costa e Silva, que futuramente veio a tornar o regime ainda mais autoritário com a decretação do AI-5.

Artur da Costa e Silva, o segundo presidente do regime militar instaurado pelo Golpe Militar de 1964, foi Presidente do Brasil de 15 de novembro de 1967 a 31 de agosto de 1969. Sob o governo Costa e Silva foi promulgado o Ato Institucional nº 5, que lhe deu poderes para fechar o Congresso Nacional, cassar políticos e institucionalizar a repressão, sendo que no seu governo, houve um aumento significativo das atividades subversivas e de terrorismo.

De 31 de agosto a 30 de outubro de 1969, a administração brasileira foi assumida pela Junta Governativa Provisória, um triuvirato governamental composto pelos três ministros militares: Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademacker (Marinha) e Márcio Melo (Aeronáutica).

General Emílio Garrastazu Médici foi presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. Apesar do crescimento econômico que o Brasil experimentou, o governo Médici foi marcado pelo aumento da miséria no Brasil e o aumento da concentração de renda, atribuído a uma omissão da política de crescimento econômico. Porém, na época, com a melhoria das telecomunicações, houve, por parte da sociedade brasileira um melhor conhecimento do país, de sua dimensão, de seus habitantes e de sua pobreza. O surgimento de uma classe média, era no momento não muito bem vista por alguns políticos de esquerda, pois atribuíam a ela o fato de impedir que houvesse uma melhoria nas condições do país, por impedir que houvesse uma revolução no país.

Ernesto Beckmann Geisel, o quarto presidente do regime militar, governou a nação de 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979. Dedicou-se à abertura política que encoutrou resistência nos militares da chamada linha-dura. Foi durante seu mandato que surgiu o Movimento do Sem Terra (MST), com a invasão de terras na fazenda Annoni, em 1977, em Sarandi. Geisel conseguiu fazer seus sucessor, João Figueiredo, que continuou a abertura política.

João Batista de Oliveira Figueiredo foi o último presidente do regime militar. Durante o seu governo, de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, promoveu a lenta transição do poder político para os civis. Sua gestão ficou inicialmente marcada pela grave crise que assolou o Brasil. No entanto, em seu último ano de governo, o país havia conseguido sair da recessão e o produto interno bruto (PIB) atingido um crescimento superior a 7%. Sus principais realizações foram: anistia aos punidos pelo AI-5 e perdão aos crimes de abuso de poder, tortura a assassinatos cometidos por órgãos de segurança; extinção do bipartidarismo; garantiu o processo de abertura política; criação do Estado de Rondônia.

Tancredo de Almeida Neves foi eleiro presidente do Brasil pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, mas não chegou a tomar posse no cargo. Faleceu em 21 de abril de 1985.

José Sarney de Araújo Costa, eleito vice-presidente na chapa de Tancredo assumiu a Presidência da República de 15 de março de 1985 a 15 de março de 1990. Seu mandato caracterizou-se pelo consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória.

Em 1984 surgiu um movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil denominado de "Diretas Já". O movimento agregou diversos setores da sociedade brasileira. Participaram inúmeros partidos políticos de oposição ao regime ditatorial, além de lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantis e jornalísticas.

"Me perguntaram se aqui estão 300 ou 400 mil pessoas. Mas a resposta é outra: aqui estão presentes as esperanças de 130 milhões de brasileiros!" (Franco Montoro Filho).

Em 25 de janeiro de 1984, a história das manifestações políticas da sociedade brasileira ganhou um novo marco de grandiosidade. Na Praça da Sé, em São Paulo, 200 000 pessoas gritaram:"Um, dois, três, quatro, cinco, mil...Queremos eleger o presidente do Brasil."

Nos três meses seguintes, a mobilização pelas diretas se transformou na maior campanha popular da História do Brasil.

Além de ter ajudado a unir o país em torno da abertura, a campanha das diretas proporcionou a inclusão dos movimentos sociais e da sociedade civil na política depois de duas décadas de ditadura.











































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