sábado, 19 de setembro de 2009

INTERDISCIPLINARIDADE


"A especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente


do horizonte epistemológico.


Chegamos a um ponto que o especialista se reduz àquele que,


à causa de saber cada vez mais


sobre cada vez menos, termina por saber


tudo sobre o nada.


Em nosso sistema escolar, ensina-se um saber fragmentado,


que constitui um fator de cegueira intelectual,


que decreta a morte da vida


e que revela uma razão irracional."


(Hilton Japiassu)


No inicio do século, Taylor e Ford revolucionaram o sistema de produção das indústrias automobilísticas, abrindo espaço para um método cada vez mais mecanizado, deixando a grande massa trabalhista atuar como robôs, pois deles era exigido somente a mão-de-obra, o exercício mental era exercido por uma minoria.
Que espécie de cidadão a escola estava formando, com uma visão restrita sobre o mercado de trabalho? Caracterizava-se como "taylorista", dando ênfase a um acúmulo de tarefas não significativas entre si, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional, ou "fordista", onde o conhecimento é entregue ao aluno, em vez desse ir buscá-lo?
Santomé, no texto "As Origens da Modalidade de Currículo Integrado", faz uma analogia entre a revolução industrial introduzida por Taylor e, posteriormente Ford, e a pedagogia de ensino proposta nas escolas. Conforme ele, o paradigma taylorista/fordista decorria de uma fragmentação do trabalho pedagógico escolar: o currículo que dividia o conhecimento em áreas e disciplinas, trabalhados de forma isolada, autônomas entre si e desvinculadas da prática social concreta, ficando por conta do discente reconstituir as relações entre elas.
O mercado globalizado marcou novas exigências de competividade, estabelecendo novas relações entre trabalho e cultura, urgindo um novo princípio educativo, um novo projeto pedagógico que formasse novos cidadãos que atendessem às novas demandas impostas pela globalização da economia.
A interdisciplinaridade surgiu num período marcado pelos movimentos estudantis que reivindacavam um ensino mais sintonizado com as grandes questões de ordem social, política e econômica.
Na teoria e nas Leis, interdisciplinaridade está bem exemplificada, mas na prática?
A interdisciplinaridade objetiva a superar a fragmentação do conhecimento, a falta de uma relação deste com a realidade do aluno. Ainda hoje, há quem confunda com relação teórica, onde várias disciplinas trabalhem sobre o mesmo tema.
Entendo como interdisciplinaridade uma flexibilização curricular, onde as várias áreas do conhecimento se cruzem num ponto comum: não mais produzir mão-de-obra com restritas competências, mas formar trabalhadores com componentes flexíveis, que se adaptem com rapidez e eficiência a situações novas e saibam criar respostas para situações imprevistas.
É claro que o avanço da educação dependerá de uma abordagem interdisciplinar. Isto propõe um grande desafio para a comunidade escolar, principlamente ma forma como os profissionais de educação são treinados: cumprir conteúdos, custe o que custar.
Muitas vezes fui pressionada por pais de aluno por "puxar demais" de seus filhos:"Ele é muito pequeno para ter de pensar tanto", "no meu tempo não tinha estas coisas na escola". Hoje sei que não estava errada! Minhas atividades que tanto exigiam e exigem um aluno pensante e crítico, certamente são sementes que gerarão bons frutos.
Fontes de inspiração:
"As origens da modalidade de currículo integrado", texto de Santomé.
Fragmento de Hilton Japiassu sobre a compormentalização dos saberes e da importância do trabalho integrado.

sábado, 5 de setembro de 2009

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


"A educação tem raízes amargas, mas frutos doces". Aristóteles

A Educação de Jovens e Adultos é o segmento da rede escolar pública brasileira que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da Educação Básica em idade apropriada. No início dos anos 90, este segmento passou a incluir, também, as classes de alfabetização inicial (Regulamentado pelo artigo 37 da Lei n° 9394 de 20 de dezembro de 1996 - LDB).

O público alvo da EJA, jovens ou adultos, são sujeitos sociais e culturais, marginalizados pela sua condição de iletrados, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura.

A EJA tem como funções a reparação, a equalização e a qualificação de seus educandos.

A função reparadora significa a restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade. É uma dívida adquirida pelas elites dirigentes à educação escolar dos negros escravizados, dos índios, dos caboclos migrantes e dos trabalhadores braçais, os quais, através de sua mão-de-obra, serviram de esteio na cosntrução de nossa nação.

O indivíduo que teve sustada sua formação educacional, seja qual for o motivo, e busca restabelecer sua trajetória escolar de modo a readquirir um espaço significativo e igualitário na sociedade deve receber, proporcionalmente, maiores oportunidades. Esta é a função equalizadora da EJA.

A educação de jovens e adultos representa uma oportunidade de desenvolvimento a todas as pessoas, em todas as idades. Esta promessa garante que jovens, adultos e idosos atualizem seus conhecimentos, mostrem suas habilidades, troquem experiências e tenham acesso a novos campos de trabalho. A EJA tem o compromisso de qualificar a vida de todos, especialmente dos idosos, que, para as novas gerações, servem de ponte entre o passado e o presente. Este tarefa de oportunizar a todos uma atualização de conhecimentos é a função permanente da EJA, que pode ser chamada, também, de função qualificadora.

Fonte:

Parecer CEB n°11/2000 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Relator: Carlos Roberto Jamil Cury

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

COMÊNIO



"Deve-se começar a formação muito cedo, pois não se deve passar a vida a aprender, mas a fazer".
"Age idiotamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto ele podem aprender, mas quanto ele próprio deseja".
"Quanto maior é o número de problemas em que pensamos, maior é o perigo de nçao compreender nenhum".
(Johann Amos Comenius - 1592/1670)
Conforme Johannes Doll em "Metodologia do Ensino em Foco: Práticas e Reflexões", quem lê a Didática Magna vai se confrontar com muito aspectos religiosos. Concordo, pois ao lê-la, percebi o lado espiritualista de Comênio. Diria que ele seria Kardecista, não fosse o fato de ter vivido bem antes de Allan Kardec. Será que posso ousar propor o contrário? Kardec ter se inspirado, também, nas idéias de Comênio?
Comênio foi o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII. Ele concebeu uma teoria humanista e espiritualista da formação do homem que resultou em propostas pedagógicas. Entre essas idéias estava:
- O respeito ao estágio de desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem. Aqui pode-se fazer uma comparação com os estágios de desenvolvimento de Piaget, os quais são respeitados no cotidiano escolar, pois casa uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras da criança relacionar-se com a realidade e a aprendizagem da mesma.
- A construção do conhecimento através da experiência, da observação e da ação. Os Projetos de Aprendizagem provam que Comênio estava certo.
- Uma educação sem punição, mas com diálogo,exemplo e ambiente adequado. Graça a Deus que o uso da palmatória, os puxões de orelha e a caixinha de milho foram abolidos da sala de aula.
Comênio pregava ainda a necessidade da interdisciplinariedade, da afetividade do educador e de um ambiente escolar bonito, com espaço livre e arejado. Ainda: coerência de propóitos educacionais entre família e escola, desenvolvimnto do raciocínio lógico e do espírito científico e a formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral.
A arte de ensinar é sublime pois destina-se a formar o homem, é uma ação do professor no aluno, tornand0-0 diferente do que era antes. Com este objetivo, Comênio defendia um método de ensinar, que deveria seguir os seguintes momentos:
- Tudo o que se deve saber deve ser ensinado.
- Qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso definido.
- Deve ensinar-se de maneora direta e clara.
- Ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas.
- Explicar primeiro os princípios gerais.
- Ensinar as coisas em seu devido tempo.
- Não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão.
- Dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas.
Depois de toda esta aprendizagem, não há como negar que Comênio foi, ainda é, o maior didata de todos os tempos e deve-se levar em consideração a época em viveu, as limitações de recursos físicos e de idéias das pessoas que o rodeavam.
Fontes:
Textos:
"Vida e Obra de Comênio".
"Didáctica Magna - Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos".
"Metodologia de Ensino em Foco: Práticas e Reflexões"