quinta-feira, 10 de junho de 2010

AULA PRÁTICA






















Durante a postagem, no Pbwiki, da História & Fotografia e como gosto de trabalhar à partir de poesias, recebi da orientadora do estágio, como sugestão de atividade, uma poesia de Cecília Meireles, entitulada "Encomenda".
Desejo uma fotografia
Como esta - o senhor vê? - Como esta:
Em que para sempre me ria
Como um vestido de eterna festa.
Como tenho a testa sombria,
Derrame luz na minha testa.
Deixa esta ruga, que me empresta
Um certo ar de sabedoria.
Não meta fundos de floresta
Nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
Ponha uma cadeira vazia.
Li a poesia para meus alunos e fizemos um momento de reflexão sobre as palavras nela contidas. Relembrei aos alunos que a fotografia registrava áquilo que nos passa despercebido apenas com o olhar. Depois das explicações e devidas últimas palavras sobre o que "podia e não podia fazer" na saída de campo, fomos à aula prática: saimos da sala de aula e fomos para o pátio e arredores da escola.
Lembrei que eles podiam fotografar o que quisessem, mas quer seria interessante registrar aquilo que "os olhos nunca paravam para ver".
Não imaginei que meus alunos levassem minhas observações tão à sério. Me enganei! Todas as fotos registradas foram de detalhes da natureza, detalhes que sempre estiveram ali, mas que nunca foram observados: o mamoeiro do vizinho, as flores do jardim da escola, os bichinhos minúsculos que pousam nas flores, o cachorro do zelador do pátio, uma borboleta morta, o Morro Ferrabrás e tantas outras coisas.
Muitos alunos não tinham máquina. Emprestei meu celular para eles.
Foi difícil, muito difícil voltar para a sala de aula, pois o encantamento em "tirar fotos" contagiou a todos, inclusive a mim.
Mais uma lição aprendida: podemos aprender a amar as coisas e os seres somente se estamos dispostos a conhecê-los, ou seja, deste dia em diante as atitudes de meus alunos em relação ao bem comum, que é nossa escola e seus arredores, mudaram. Eles passaram a respeitar mais o ambiente, a manter a sala mais limpa e organizada, a procurar pela lata de lixo, invés de jogar o papel no chão, como faziam antes.
Aprendi minha lição, para uma verdadeira aprendizagem é necessário o envolvimento do aprendiz com o objeto de aprendizagem.







Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Suzan!! Que bonita experiência!! Como foi o desdobramento dessa aula prática? Abração!