... e começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde...
Ler o texto de Helen Buckley nos faz repensar nossa posição de professor e nossa prática pedagógica.
A expectativa de um sistema escolar é capacitar indivíduos para exercerem uma profissão, para serem cidadãos conscientes e para serem criativos na sua área de atuação.
A escola é um espaço, senão o único, onde indivíduos, de diferentes raízes culturais e sociais, se reúnem para adquirir modos de comportamentos e os conhecimentos considerados importantes para desempenhar seu papel na sociedade. É na escola que a criança encontra o outro, geralmente desconhecido e diferente, e passa a conviver e colaborar com o outro.
As crianças estão se descobrindo a cada dia, vão firmando suas características e descobrindo suas preferências e elas possuem uma natureza singular, que as evidencia como seres que sentem e pesam o mundo de um jeito muito próprio.
No processo de construção do conhecimento, a criança se vale das mais diferentes linguagens e exerce a capacidade que possui de ter hipóteses originais sobre aquilo que busca desvendar. Nessa perspectiva, a criança constrói o conhecimento à partir das interações que estabelece com as outras pessoas e com o meio em que vive. O conhecimento não se constitui numa cópia da realidade, mas é o fruto de um intenso trabalho de criação e significação.
Compreender, conhecer e reconhecer o modo particular das crianças serem e estarem no mundo é um grande desafio para os profissionais de educação. Embora diversos estudos e pesquisas sirvam de esteio para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns nas crianças, essas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças.
Exercer a docência com um aluno cuja ânsia de criar e compartilhar idéias foi amputada, como no personagem de Helen Buckley não é uma tarefa fácil. Não existem fórmulas prontas para reerguer a autoestima de uma criança nessas condições, somente muito amor e dedicação.
Infelizmente existem muitas educadoras que promovem seus alunos "desenhando flores vermelhas com caules verdes", sem se importarem com o futuro cidadão inibido e desprovido de imaginação.
A próxima professora, que Deus ajude que ainda exista uma próxima, deve ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas de uma forma bem positiva e que pode ter problemas com outras coisas e que espera que faça o melhor que puder. É muito importante elogiá-la e incentivá-la quando está realizando alguma coisa, fazendo-a perceber que tem direito de sentir que é importante, que pode aprender, que vai conseguir e, principalmente, que é amada.
Também é uma excelente ajufa confessar que o professor não é um ser perfeito, que tem limitações, comete erros e fracassa.
Um comentário:
Querida Suzan:
É mesmo impossível ler o texto sem que se tenha uma reação, quase que de espanto frente à atuação da primeira professora.
Colocas que “Infelizmente existem muitas educadoras que promovem seus alunos desenhando flores vermelhas com caules verdes, sem se importarem com o futuro cidadão inibido e desprovido de imaginação.” Será que esses profissionais adotam esse tipo de procedimento de forma consciente? Que contribuições a leitura do texto trouxe, especialmente, para a tua prática de sala de aula?
Grande abraço.
Celi
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