domingo, 12 de julho de 2009

Além dos Muros da Escola

Suavemente, Cante em Entre os Muros da Escola usa a classe de uma escola de subúrbio de Paris para discorrer sobre problemas políticos-culturais.
Estrategicamente, Cante mandou um recado para cada professor que teve a oportunidade de assistir ao filme.
É evidente que os alunos retratados no filme tinham suas identidades e seus princípios morais definidos e defendiam eles a todo custo. A cooperação e a convivência entre eles era normal, mesmo na diversidade. Cada adolescente desta sala de aula já entram na escola com estigma de ser um aluno sem educação e problemático.
O filme de Cante "colocou o dedo na ferida ainda aberta" dos profissionais da educação: lidar com crianças e jovens provenientes de um mundo distorcido pelas drogas, pela indiferença, discriminação, preconceito, egoismo, e toda uma série de desconsiderações aos sentimentos alheios.
Quantos de nós, professores, não nos vimos no papel do protagonista e não vimos em seus atos errônes as nossas próprias falhas. Falhas, sim! Porque, como o professor do filme, somos humanos e sujeitos a cometer erros que podem deixar marcas profundas em nossos alunos.
Reproduzo aqui a carta de uma aluna insatisfeita com a atitude de um mestre que cobra virtudes mas, sem se dar conta, não as exemplifica:
"O Respeito
Os adolescentes aprendem, gradualmente, a respeitar os seus professores por causa das ameaças deles ou pelo medo de arranjarem problemas.
Para começar, eu o respeito e o respeito deve ser mútuo. Por exemplo, se eu não digo que o professor é histérico, por que é que o professor me chama disso?
Eu sempre o respeitei, e é por isso que não compreendo porque tenho de escrever isso.
Sei que tem qualquer coisa contra mim, mas eu não sei porquê.
Resolvi me sentar no fundo da sala para evitar mais conflitos, a menos que me provoque. Admito que posso ser insolente, mas só quando me provocam.
Não voltarei a olhá-lo para que não volte a dizar que o meu olhar é insolente.
Normalmente, numa aula de Francês, devemos falar do Francês, e não da nossa avó, da nossa irmã ou da menstruação das garotas.
E é por isso que, à partir de agora, não volto a falar com você.
Koumba"
A nossa maior preocupação, cada início de ano letivo, é saber a proveniência do aluno, sua bagagem social e cultural. Isto é importante! Mas nossa preocupação deve se concentrar na bagagem que a criança vai levar da escola, não só na aquisição de conteúdos, mas de exemplos morais e o quanto de virtude eles adquiriram se espelhando nos mestres.

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