domingo, 30 de agosto de 2009

LEITURA E ESCRITA



"Nossos alunos não sabem escrever..."
Assim se inicia o texto de Maria Isabel Dalla Zen e Iole Faviero Trindade.
Este jargão é o mais comum na conversa entre professores e nos faz refletir: será que estamos observando se nossos alunos sabem ler?
A linguagem, expressa pela oralidade e grafia, é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada para o contato inter-pessoal.
Nossos alunos sabem falar mas, na atualidade, se utilizam de um palavreado grotesco, cheio de gírias e sem significado lógico. Por que? Ouso dizer que está faltando o hábito de ler, e a leitura deve ser estimulada desde o início da vida da criança, o que está sendo uma atividade supérflua.
Entre o falar, ler e escrever existe um longo caminho e trilhar por esta vereda deve ter muita motivação. A criança fala, fala, fala... mas na escrita manifesta uma grande dificuldade.
Utilizando a linguagem oral, durante uma conversação, o interlocutor está fisicamente presente, faz perguntas e exige respostas. A linguagem escrita é, praticamente, um monólogo com o papel, onde o interlocutor é imaginário. Não é utilizado a entonação na voz e é desprovida do recurso da expressão facial. Embora o aluno tenha alcançado, através da linguagem oral, um grau expressivo de imaginação, na escrita toda sua criatividade é podada.
Conforme as autoras, "conhecer e representar são processos inseparáveis" ... "Não importa questionar somente quem são os alfabetizados (sabem ler e escrever) e quem são os letrados (sabem ler e produzir textos), nem o que os torna alfabetizados ou letrados, mas a "invenção" da necessidade".
Como fomentar essa necessidade?
Influenciando na leitura.O chamado "Momento da leitura" deve ser utilizado de modo prático, ao invés da criança ler individualmente e silenciosamente, ela deve ser estimulada a ler em voz alta para a turma e a professora deve ensiná-la a ler, respeitando a pontuação e a entonação na voz. Cada vez que a criança produzir um texto, independente do conteúdo ou do tamanho, ela deve reler o que escreveu. Depende muito desse processo ser alfabetizado ou ser letrado.
Fontede inspiração:
"LEITURA, ESCRITA E ORALIDADE COMO ARTEFATOS CULTURAIS", de Maria Isabel Dalla Zen e Iole Faviero Trindade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O MENININHO



... e começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde...
Ler o texto de Helen Buckley nos faz repensar nossa posição de professor e nossa prática pedagógica.
A expectativa de um sistema escolar é capacitar indivíduos para exercerem uma profissão, para serem cidadãos conscientes e para serem criativos na sua área de atuação.
A escola é um espaço, senão o único, onde indivíduos, de diferentes raízes culturais e sociais, se reúnem para adquirir modos de comportamentos e os conhecimentos considerados importantes para desempenhar seu papel na sociedade. É na escola que a criança encontra o outro, geralmente desconhecido e diferente, e passa a conviver e colaborar com o outro.
As crianças estão se descobrindo a cada dia, vão firmando suas características e descobrindo suas preferências e elas possuem uma natureza singular, que as evidencia como seres que sentem e pesam o mundo de um jeito muito próprio.
No processo de construção do conhecimento, a criança se vale das mais diferentes linguagens e exerce a capacidade que possui de ter hipóteses originais sobre aquilo que busca desvendar. Nessa perspectiva, a criança constrói o conhecimento à partir das interações que estabelece com as outras pessoas e com o meio em que vive. O conhecimento não se constitui numa cópia da realidade, mas é o fruto de um intenso trabalho de criação e significação.
Compreender, conhecer e reconhecer o modo particular das crianças serem e estarem no mundo é um grande desafio para os profissionais de educação. Embora diversos estudos e pesquisas sirvam de esteio para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns nas crianças, essas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças.
Exercer a docência com um aluno cuja ânsia de criar e compartilhar idéias foi amputada, como no personagem de Helen Buckley não é uma tarefa fácil. Não existem fórmulas prontas para reerguer a autoestima de uma criança nessas condições, somente muito amor e dedicação.
Infelizmente existem muitas educadoras que promovem seus alunos "desenhando flores vermelhas com caules verdes", sem se importarem com o futuro cidadão inibido e desprovido de imaginação.
A próxima professora, que Deus ajude que ainda exista uma próxima, deve ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas de uma forma bem positiva e que pode ter problemas com outras coisas e que espera que faça o melhor que puder. É muito importante elogiá-la e incentivá-la quando está realizando alguma coisa, fazendo-a perceber que tem direito de sentir que é importante, que pode aprender, que vai conseguir e, principalmente, que é amada.
Também é uma excelente ajufa confessar que o professor não é um ser perfeito, que tem limitações, comete erros e fracassa.